Esta seção explora os principais ingredientes ativos do Cordyceps militaris, destacando seus benefícios à saúde e suas propriedades medicinais. A análise de cada componente revela o potencial terapêutico deste notável cogumelo medicinal.

• Ácido Cordicepico: O ácido cordicepico, conhecido por sua gama de efeitos benéficos, tem demonstrado propriedades diuréticas que contribuem para aumentar a pressão osmótica do plasma e combater radicais livres. Pesquisas indicam que ele pode também aliviar inflamações associadas à fibrose hepática, destacando sua importância na modulação de processos inflamatórios e fibrogênicos no fígado (Han et al., 2011). Além disso, estudos recentes reforçam esses efeitos, mostrando que tanto o ácido cordicepico quanto a cordicepina podem ameliorar a resposta inflamatória e a resposta fibrogênica em células estreladas hepáticas cultivadas, indicando um potencial terapêutico significativo para inibir e resolver a fibrose hepática (Ouyang et al., 2013).

• Ácidos Graxos Essenciais: Estudos indicam que o Cordyceps militaris contém ácidos graxos essenciais como o ácido α-linolênico (ALA) e ácido linoleico (LA), conhecidos por suas propriedades cardioprotetoras. Além disso, o ALA e o LA desempenham papéis cruciais na regulação de processos inflamatórios e na manutenção da integridade celular, contribuindo para a saúde cardiovascular (Reis et al., 2013; Swanson et al., 2012). A suplementação com ácidos graxos ômega-3, como o ALA, tem mostrado resultados promissores na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, através da redução da inflamação e da melhoria dos perfis lipídicos (Shahidi & Ambigaipalan, 2018).

• Adenosina: Abundante no C. militaris, a adenosina desempenha um papel crucial em diversos processos bioquímicos, conhecida por suas propriedades anti-inflamatórias e anticonvulsivas. Ela também é importante para a regulação da imunidade e inflamação (Yoon et al., 2015). A adenosina, juntamente com a cordicepina, influencia a mudança fenotípica dos macrófagos sob condições inflamatórias, regulando a expressão de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. Este efeito imunomodulador sugere um potencial uso terapêutico da adenosina em doenças inflamatórias (Shin et al., 2009). A adenosina atua através da ativação dos receptores de adenosina A1, A2A, A2B e A3, desempenhando um papel vital na proteção contra lesões pulmonares agudas e lesões cerebrais. A cordicepina (3′-deoxyadenosina), um ativador dos receptores de adenosina, demonstra potencial em melhorar a imunidade, promover processos anti-inflamatórios, e ameliorar danos em órgãos como cérebro e pulmões, especialmente relevante no contexto da Covid-19 (Du et al., 2021).

• Beta-glucanos: Os β-(1,3), (1-6)-D-glucanos são abundantes em cogumelos medicinais, incluindo o Cordyceps militaris, e são reconhecidos por suas propriedades imunomoduladoras, pré-bióticas e antitumorais. Estes compostos funcionam como potentes moduladores do sistema imunológico, estimulando a resposta imune tanto inata quanto adaptativa e demonstrando eficácia no tratamento de várias doenças, incluindo o câ Estudos adicionais confirmam que os β-glucanos ativam sistemas de imunidade específicos, incluindo receptores como Dectin-1, complemento (CR3) e receptores do tipo Toll (TLR), esclarecendo seus efeitos biológicos diversos, que vão desde atividades antimicrobianas até antidiabéticas (Dalonso, Goldman, & Gern, 2015). A análise e caracterização desses β-glucanos, juntamente com os estudos sobre sua biossíntese, são fundamentais para explorar plenamente seu potencial terapêutico, tanto para otimizar a produção de compostos bioativos quanto para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas em medicina (Smiderle et al., 2014).

• Cordicepina: Este análogo nucleosídeo da adenosina, produzido pelo C. militaris, apresenta uma ampla gama de efeitos farmacológicos, incluindo propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, imunomoduladoras, antioxidantes, antienvelhecimento, anticancerígenas, antivirais, antiartríticas e benefícios sexuais (Jeong et al., 2010). A cordicepina tem efeitos significativos na modulação do sistema imunológico. Estudos indicam que extratos de Cordyceps militaris, ricos em cordicepina, promovem a imunidade do tipo 2, enquanto outras formas do extrato tendem a favorecer a imunidade do tipo 1, sugerindo um papel adaptativo dependendo do tipo de extração (Lee et al., 2020). A cordicepina também demonstrou inibir o crescimento de células de leucemia e outros tipos de câncer, destacando-se como um potencial agente anticancerígeno devido à sua capacidade de impedir a proliferação celular e induzir a morte celular programada em células tumorais (Ahn et al., 2000).

• Ergosterol: O ergosterol peróxido isolado do Cordyceps militaris mostrou atividade antitumoral significativa contra linhas celulares de câncer, incluindo uma linha de células de câncer gástrico. Esta descoberta apoia o papel do ergosterol como um composto bioativo com potencial terapêutico contra o câncer (Kim et al., 2001). Estudos adicionais sobre a biossíntese de ergosterol no Cordyceps militaris destacam a complexidade e a importância deste processo metabólico. A biossíntese do ergosterol envolve várias etapas e é crucial para a produção de compostos bioativos no fungo (Wang et al., 2020).

• Vitaminas e Minerais: O Cordyceps militaris é uma fonte notável de nutrientes essenciais, incluindo várias vitaminas e minerais. Este cogumelo medicinal contém vitaminas B1, B2, B12, E, e K, que são cruciais para a manutenção de várias funções biológicas, como o metabolismo energético, a manutenção da saúde da pele e a função imunológica. Além disso, é rico em minerais importantes como manganês, zinco, selênio, cromo e fósforo (Hur, 2008). Pesquisas recentes também destacam a presença de outros elementos vitais em diferentes formas de Cordyceps. Por exemplo, análises mostraram que o corpo frutífero do Cordyceps militaris contém cálcio, potássio, magnésio, sódio e fósforo em quantidades significativas. Esses minerais desempenham papéis vitais em várias funções corporais, incluindo a saúde óssea, a regulação da pressão arterial, a função muscular e a transmissão de impulsos nervosos (Chan et al., 2015).

Esses componentes tornam o Cordyceps militaris não apenas um fungo medicinal de destaque devido às suas propriedades terapêuticas, mas também um excelente candidato para futuras pesquisas e aplicações em saúde.